O que há de errado com a PALMADA? Descubra agora, os 6 passos para alcançar uma disciplina positiva.

Muitas vezes os pais se sentem frustrados diante do mau comportamento de seus filhos e não sabem o que fazer, nem como agir.

Todas as crianças precisam de um norte, um direcionamento para aprenderem seu auto-controle. A escolha por um caminho positivo de “disciplina”, ensina habilidades, eleva sua auto-estima e estreitam o relacionamento entre pais e filhos.

Aqui no Canadá, a maioria das formas de castigo físico são considerados crimes. As províncias e territórios também têm leis para proteger as crianças. No Brasil, já temos desde 2014 a Lei da Palmada, o que mostra que, aos poucos, todas aa culturas estão caminhando para compreender melhor as consequências de nossas atitudes, durante o desenvolvimento infantil.

Desde que me mudei para este país que me ensina mais a cada dia, fiquei cara a cara com minha experiência de vida – com as populares palmadas – as quais julgava inofensivas, sim, eu pensava que uma palmada vez ou outra não faria mau algum, afinal, fui criada assim e estou aqui, sem nenhum “trauma”.

A questão é, os costumes de outrora podem não ir totalmente de encontro com a situação, condição e consequências da atualidade e claro, comecei a avaliar e questionar meu comportamento como mãe de meus dois meninos, “curiosos e agitados” se é que vocês me entendem….

A punição física não é uma disciplina positiva. Crianças precisam se sentir seguras, estáveis e necessitam nutrir suas relações com seus pais. Ao agir de maneira agressiva com seu filho, você arrisca sua proximidade com eles.

Pesquisas mostram que palmadas, agressões físicas ou verbais, ensinam as crianças a resolverem seus problemas de maneira agressiva.

“AS CRIANÇAS PRECISAM QUE SEUS PAIS SEJAM CONSISTENTES E PACIENTES.”

Conheça as 6 principais dicas e estratégias divulgadas pelo Governo Canadense, desenvolvidas e embasadas em pesquisas e estatísticas sobre disciplina positiva (fonte: Healthy Canadians – Tradução – Juliana Avella):

# 1 . Acalme-se antes de agir.

Quando ficamos frustrados, podemos reagir sem pensar. Se você reagir de maneira violenta ou dolorosa, você pode piorar a situação, assustando o seu filho. Tente respirar profundamente quando você sentir que está ficando frustrado ou nervoso com algum comportamento. Espere até que seu corpo relaxe e só então, você pode pensar claramente antes de fazer ou dizer qualquer coisa.

# 2.  Pense no que você quer que seu filho aprenda neste momento.

Seu filho vai aprender a lidar com a frustração, observando como você lida com isso. As crianças que sofrem punições físicas ou de disciplina agressiva, são mais propensas a resolver seus próprios conflitos batendo e agredindo os outros. Para ensinar as crianças a serem  respeitosas e não-violentas, é preciso tratá-las com respeito e interagir sem violência. Mostre-lhes como é feito.

# 3. Considere o ponto de vista do seu filho.

A maioria dos comportamentos que frustram os pais são reações normais à fome, cansaço, tédio, inquietação, medo, doença, dor, desânimo, frustração ou estresse.

• O seu filho pulou alguma refeição?
• Ele ficou acordado até tarde na noite passada?
• Será que ele precisa de uma soneca?
• Será que ele precisa brincar e gastar energia?
• Será que ele vai ficar doente?
• Existe estresse na família?

Pergunte ao seu filho se algo está incomodando. Quando você compreender a razão para o comportamento do seu filho, é mais fácil lidar com a situação sem perder o seu temperamento.

# 4. Pense no estágio do seu filho de desenvolvimento.

OS BEBÊS estão apenas começando a aprender sobre o mundo. Eles precisam saber que eles vivem em um lugar seguro. Eles muitas vezes choram, porque eles não têm palavras para te dizer como se sentem ou o que eles precisam. Pode ser difícil descobrir o que eles estão tentando dizer. Bebês nunca choram para lhe provocar ou deixá-lo maluco. Eles só precisam de conforto e proteção. Eles precisam saber que eles estão seguros com você. Quando o bebê chorar, tente:

• Alimentá-lo
• Trocar a fralda
• Confortá-lo, abraçando e cantando para ele
• Balançar ou andar com ele
• Se seu bebê não conseguiu parar de chorar e você está se sentindo estressado, coloque o seu bebê em um lugar seguro. Fique alguns minutos sozinha (o) até você se sentir mais calma (o). Peça ajuda de familiares, amigos, um médico ou outros recursos da comunidade.

Lembre-se, não agite ou chacoalhe um bebê.
Agitar um bebê pode causar lesão cerebral grave e morte.

AS CRIANÇAS aprendem tocando, testando e experimentando tudo. É assim que começam a conhecer o mundo. Eles são pequenos exploradores, que querem saber o que tudo é e como tudo funciona.

Se a cada vez que a criança tentar explorar algo ela tomar um tapa ou ser repreendida, elas terão medo de explorar, então elas irão aprender menos. Para manter sua criança segura enquanto ela explora:

• Coloque as coisas perigosas fora de alcance. Ou mostre com consistência e paciência, o que é ou não permitido.
• Procure distraí-la com um brinquedo seguro.
• Use palavras como ‘QUENTE’, ‘MACHUCA’, e ‘AI’  para ensiná-lo sobre o perigo.
• Sempre certifique-se que ela está em um lugar seguro onde você pode vê-la de perto.

AS CRIANÇAS EM IDADE PRÉ-ESCOLAR, querem fazer as coisas por si mesmos e tomar suas próprias decisões.

Eles não podem expressar ou controlar seus sentimentos muito bem. Quando eles ficam frustrados, eles muitas vezes, têm acessos de raiva. Assumir e compreender suas emoções pode assustá-los. Se nesta fase de descobertas esta criança apanhar, só vai assustá-la mais e piorar a birra. Em vez disso, você pode:

• Fique por perto e mantenha sua criança segura.
• Respire fundo.
• Mantenha-se calmo para ajudar seu filho gradualmente a se acalmar.
• Quando a criança se acalmou, segure-a com cuidado e ajude a colocar seus sentimentos em palavras. “Você estava com raiva porque eu ia cortar sua maçã e você que queria comê-la inteira.”

Mostre ao seu filho como lidar com sentimentos fortes, sem gritar ou bater. Ensine-a a pensar em soluções para os seus problemas. Ajude-a a expressar seus sentimentos usando palavras. Se algo for danificado, ajudar seu filho a aprender a consertar.

# 5. Crie um lar amoroso e respeitoso.

Os adultos são importantes modelos. As crianças aprendem observando como os adultos tratam uns aos outros, bem como a forma como eles tratam os filhos. Fale com o seu filho e explique as coisas para que ele possa aprender. Mostre e diga a eles que você aprecia seus esforços. Respeite sua necessidade de crescer, aprender e explorar. Ensine sobre sua segurança e mantenha-o distante de coisas que podem prejudicá-lo.

Respeite sua necessidade de sono e uma alimentação saudável, que afetam enormemente o seu comportamento. Tenha uma rotina diária. Por último, mas não menos importante, divirta-se com o seu filho!

“Os pais estão sempre aprendendo.
Todos os pais precisam de ideias e apoio.”

# 6. Não tenha medo de pedir ajuda.

Para saber onde encontrar apoio em sua comunidade, pergunte!

No Canadá, existe uma preocupação constante e uma gama de pontos de apoio, para auxiliar às famílias neste ponto tão crucial do desenvolvimento infantil. Infelizmente, o mesmo ainda não acontece no Brasil, mas antes de desistir ou dividir suas frustrações entre redes sociais, vizinhos ou familiares que, certamente farão de suas “opiniões pessoais” uma regra ou julgamento, busque uma orientação profissional com o pediatra de seu filho,  um médico de família, um psicólogo ou em um centro de convivência familiar. Isso pode ajudar muito.

Lembrando que, este precioso conteúdo do Governo Canadense para uma disciplina positiva, está longe de ser uma mensagem para que seu filho tome suas próprias decisões e comande o andamento da família.

Eliminar o comportamento agressivo de punição, não significa mimar seu filho ou entregar seu destino em suas mãos, mas compreender suas fases de desenvolvimento com maturidade, consistência e paciência, dando a ele exemplos e respostas de maneira positiva e segura.

Amanhã, certamente seu filho terá o mesmo comportamento ao lhe dar com situações críticas de frustração e stress em seu cotidiano.