Aproveitando a Semana Mundial de Aleitamento Materno, o Blog NutriFilhos preparou algumas palavras, dicas e informações com o intuito de inspirar mães a amamentarem seus filhos durante seus primeiros seis meses de vida e além. Se você ainda não passou por essa jornada, lembre-se deste post, quando for chegada a hora, e da nossa primeira dica: o segredo é não desistir!
Além de questões sociais, tais como conciliar amamentação e trabalho, existem outros obstáculos que a mulher geralmente enfrenta sozinha, dentro de casa, quando não encontra o apoio necessário para a amamentação. É bastante evidente que, nos dias de hoje, uma das maiores dificuldades está em iniciar a amamentação.
Uma mãe que não estiver emocionalmente segura, ou não tiver um acolhimento e apoio da família e do universo que a envolve, desistirá facilmente do ato de amamentar seu bebê, e isso é facilmente compreensível.
A enfermeira Martha Goldberg, que atua com consultoria no aleitamento materno há 25 anos em São Paulo e é uma das entrevistadas do livro Papinha sem Medo (escrito por mim e com lançamento previsto para o final do mês), afirma que estudos recentes mostram que tanto a mãe como a criança passam por um período chamado sensível, durante os primeiros minutos logo depois do parto. “Esse período de tempo deve ser conhecido e aproveitado para tocar, olhar, ter o bebê junto ao corpo, em contato com a pele. Colocar o bebê no seio neste momento, ainda na sala de parto, pode ser extremamente gratificante, reconfortante e eficaz. É possível que ele mame vigorosamente, pois o reflexo de sucção está presente neste momento, ou então que vá simplesmente lamber o seio, se encostar, se aconchegar”, explica.
Martha cita ainda o livro A Arte de Amamentar seu Filho, de Beccar Varela, que afirma que nas primeiras vezes que amamentam, sobretudo se são primíparas (mães de primeira viagem), as mães deveriam ter a ajuda de uma pessoa capacitada:
“Uma boa técnica de amamentação é indispensável para o sucesso, uma vez que previne trauma nos mamilos e garante a retirada efetiva do leite pela criança. O bebê deve ser amamentado numa posição que seja confortável para ele e para a mãe, que não interfira em sua capacidade de abocanhar tecido mamário suficiente, retirar o leite efetivamente, deglutir e respirar livremente. A mãe deve estar relaxada e segurar o bebê completamente voltado para si.”
A amamentação é com certeza um ato de amor, mas que demanda trabalho e grande dedicação da mãe. É preciso atentar ao descanso nas horas oportunas, fazer uma boa e eficiente ingestão de líquido, principalmente água, e ter uma alimentação assertiva e saudável –lembre-se de que o bebê sente todas alterações na sua dieta, que vai para o leite. Então, prestar atenção na sua própria alimentação é fundamental para garantir que seu filho receba nutrientes, além de evitar gases, incômodos e agitações no bebê.
Dr. Aranha, Pediatra, Médico de Família e consultor deste blog, costuma falara sobre as prioridades da mãe depois da chegada do bebê: “Quando lhe sobrar um tempinho: em primeiro lugar durma, depois tome bastante água, por último coma. Ou seja, o descanso e a hidratação vêm antes até da alimentação, para um bom desempenho no aleitamento”.
Tipos de mamilo e a arcada dentária do bebê
Sabemos que cada mãe e cada bebê são diferentes entre si em sua individualidade, por isso Martha cita no livro Papinha sem Medo:
Conhecer um pouco do processo de amamentação, saber que existem vários tipos de mamilo e de mama, que cuidados tomados para preparar a pele dos mamilos são fatores que fazem a diferença logo no começo do aleitamento. Os mamilos devem ser expostos ao sol diariamente para fortalecer a sua pele. De acordo com a sua formação, podem ser protrusos, semi-protrusos, planos ou retráteis (invertidos). Estes últimos merecem atenção especial, ainda durante a gestação, pois podem dificultar o “encaixe” da boca do bebê na hora de amamentar.
As mulheres que se submeteram a cirurgias plásticas nas mamas, em especial as muito redutoras, podem eventualmente apresentar um comprometimento de drenagem do leite quando amamentam. Daí a necessidade de uma atenção especial e acompanhamento nesses casos, já que a cirurgia não impossibilita, mas pode comprometer parcialmente a capacidade de amamentação devido à interrupção dos ductos lactíferos.
Mais motivos para não desistir de amamentar
Dr. Alexandre Rabboni, Odontopediatra e consultor deste blog, explica que o desenvolvimento maxi-mandibular do bebê só acontece se houver trabalho, e existem músculos que só são atingidos durante a amamentação no seio da mãe e jamais com outros elementos de sucção substitutos como a mamadeira, que mesmo com bico ortodôntico requerem movimentos completamente diferentes para sucção do leite. “Os benefícios que o aleitamento materno traz ao seu bebê vão muito além de seus nutrientes únicos, mas têm a ver também com o desenvolvimento eficiente e completo de uma boa arcada dentária, com espaçamento correto para o nascimento dos dentes, dos primeiros molares, até mesmo dos dentes do siso aos 21 anos”, completa.
Assista ao vídeo abaixo e veja o que mais dr. Alexandre tem a dizer!
Daniela Fortuna, 40 anos, química industrial e mamãe de primeira viagem do Enrico, hoje com três meses, contou sua experiência ao Blog NutriFilhos. “Quando percebi que um dos meus mamilos era invertido e começou a sangrar fiquei desesperada. Sonhei por uma vida toda em gerar meu filho e poder alimentá-lo com meu leite. Quando passou pela minha cabeça que isso não seria possível eu não acreditei, então aceitei o auxílio da Martha, apresentada a mim pela Juliana Avella, e não desisti. Ela me tranquilizou, me ensinou a cuidar da ferida e eu pude continuar amamentando meu anjinho.”
Ufa! Quanto trabalho e quanta coisa para pensar, não é mesmo? Se você é gestante ou se acaba de ser presenteada com um lindo e forte bebê em seus braços, se informe e não desanime! Todo este trabalho e engajamento trarão bons frutos no futuro.
Amamentação e Trabalho
Desde 1992, a primeira semana de agosto é marcada pelas comemorações da Semana Mundial de Aleitamento Materno, considerada um veículo para promoção da amamentação em mais de 120 países ao redor do mundo. Com a assinatura da Declaração de Innocenti, há 25 anos, comitês nacionais de coordenação da amamentação e legislações que protejam a mulher que amamenta no trabalho foram estabelecidos, tendo em vista a proteção ao direito ao aleitamento da mulher trabalhadora e a viabilização de meios para que isso aconteça. Por isso, a Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação (World Alliance for Breastfeeding Action – WABA) definiu para o ano de 2015 o tema “Amamentação e Trabalho: Para dar certo, o compromisso é de todos”.
A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde é que os bebês recebam exclusivamente leite da mãe durante os primeiros seis meses de vida, mas de acordo com o levantamento mais recente do governo federal, de 2009, a média de aleitamento materno exclusivo no Brasil é de apenas 54 dias (ou seja, menos de dois meses), principalmente por causa da problemática de cuidar dos filhos e se dedicar à vida profissional simultaneamente. Quando trabalha fora, é preciso bastante planejamento e persistência por parte da mãe para cumprir os seis meses mínimos recomendados de amamentação, especialmente num país como o Brasil, em que a licença à maternidade é de apenas 4 meses.
Com o término da licença à maternidade, como estimular a produção de leite ficando tantas horas por dia no trabalho? As pausas legais para amamentar ou para ordenhar durante a jornada de trabalho já existem em centena de países, mas dependem de uma aplicação eficaz no ambiente e suporte da equipe de trabalho. É preciso investimento em mais locais de trabalho amigo da amamentação e aumento no número de Salas de Apoio à Amamentação (atualmente existem pouco mais de cem SAAs no Brasil).
Divulgue a importância de amamentar! Antes de desistir, procure um profissional da saúde amigo da amamentação e verifique suas reais limitações. Mas se a amamentação natural não for possível, coloque todo o seu amor, afeto e respeito no momento da alimentação substituta, desde a higienização dos utensílios, ao preparo do leite, bem como no momento de servir seu bebê. Esteja sempre envolvida com ele, no abraço, no olhar e na tranquilidade, pois estes momentos entre vocês valem por toda a vida!
Excelente matéria.! Parabéns!