Palavra de Especialista

EDUCAÇÃO INCLUSIVA – Quem ganham são as demais crianças!

23 de abr, 2016 - Postado por Dr. Antônio Carlos de Souza Aranha

Os pais que necessitam que seus filhos sejam acolhidos em escolas tradicionais, por quaisquer razões, alterações ou necessidades especiais, devem primeiramente ter o cuidado de escolher bem a escola que dará este acolhimento, do ponto de vista técnico e psicológico.

ESCOLHA DA ESCOLA

sinais

Mais do que a escola em si, tendo em vista o espaço físico, deve-se perceber se o professor tem condições de acolher determinado aluno naquela classe. O professor neste caso, é fundamental, senão pode ser um desastre.

O acolhimento nas escolas como um todo, no meu ponto de vista, é de extrema importância. Acho ainda, que quem ganha mais não é a criança que está sendo incluída, mas a classe que a acolhe.

Os colegas que participam da inclusão de uma criança com qualquer tipo de deficiência, estão trabalhando seu desenvolvimento social e humano,  diante das diferenças. Algo que, realmente, precisamos hoje em dia.

 

educação_inclusiva

Acho muito saudável incluir quem precisa ser incluído, mas também acho que forçar, por lei ou decreto que isso ocorra, talvez não seja o melhor caminho.

Forçar uma escola que não está preparada, seja física ou emocionalmente, para a inclusão de uma criança com necessidades especiais, ou ainda, forçar uma professora que talvez não tenha um preparo adequado ou um perfil emocional, é muito perigoso.

Temos que concordar que existem sim, assim como qualquer pessoa, alguns professores que tem preconceito, se isso não for observado, além de não ajudar na inclusão, o profissional pode destruir a possibilidade de uma construção adequada.

Meu conselho para estes pais, é encontrar mais do que uma boa escola, mas um profissional de educação, que esteja realmente preparado e com o perfil indicado para este acolhimento. Conheça pessoalmente e faça de perto sua análise.

COMPORTAMENTO & BULLYING

Sabemos que crianças podem ser “cruéis” em qualquer idade e esta é, com certeza,  uma grande preocupação entre os pais em geral, e claro, entre os pais de crianças especiais. Mas eu posso tranquilizá-los neste ponto, por minha própria experiência.

Crianças com Deficiência Intelectual e/ou Síndrome de Down, por exemplo, eu desconheço, dentre meus pacientes, alguma que tenham sofrido bullying uma única vez.

Boy with Down Syndrome shows his drawing

Elas são tão puras, transmitem uma coisa tão celestial para o grupo como um todo, que as crianças “agressivas ” paralisam, ficando sem saber aonde “atacar”.

No meu ponto de vista, é praticamente impossível fazer bullying com uma criança portadora de Deficiência Intelectual e/ou de Down, porque como ela não reconhece, perde a graça. Estas crianças, em geral, não tem maldade interior, sendo assim, não entenderão a maldade do mundo externo.

Acho inclusive, que a convivência de uma criança com esta característica, junto a perfis mais agressivos, podem até beneficiar o segundo grupo, permitindo-os transformar sua agressividade, que não surte resultados, em acolhimento e proteção. Este tipo de conduta lhe trará visibilidade e prestígio entre seus colegas, que no fundo, é o que busca esta criança.

amor

Claro que em outros casos, isso pode ocorrer, fazendo valer ainda mais a percepção e boa conduta do professor.

Por isso, estar sempre atento aos sinais desta criança é essencial. Qualquer que seja sua necessidade especial ou deficiência.

ADAPTAÇÃO

Um dos fatores principais na inclusão da criança em um novo ambiente, seja ele qual for, é a postura da Mãe.

A criança se insere melhor em qualquer grupo ou espaço, se a mãe lhe passa uma segurança e confiança. Se a mãe do contrário, passar qualquer tipo de medo ou receio do que vai ocorrer para a seu filho naquele “novo mundo”, a criança tende a ir mais insegura para aquele ambiente.

ida a escola

Sendo assim, deve-se trabalhar primeiramente, a postura dos pais e depois, claro, observar os sinais desta criança ao longo do tempo.

  • Se ela vai para a escola feliz;
  • Se não apresenta sinais de retração ou regresso na fala ou hábitos de higiene;
  • Se apresenta uma alteração significativa de comportamento, como agressividade ou introspecção.

Diante disso, assim como qualquer criança, os pais devem buscar respostas na escola.

escola_inclusiva

Sabemos que a sensibilidade e preocupação dos pais de crianças com qualquer tipo de necessidade especial, tende a ser maior do que outros pais, mas eu lhes digo:  Seus filhos precisam enxergar primeiramente em vocês, pais, esta confiança, para então, serem capazes de encarar o mundo.

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Acredite, o mundo ainda lhes guarda muitas surpresas, as quais você não poderá, nem deverá protegê-lo!

23 de abr, 2016
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Dr. Antônio Carlos de Souza Aranha
Dr. Antônio Carlos de Souza Aranha é Médico de Família formado pela Faculdade de Ciências Médicas Santa Casa de São Paulo em 1976. Colaborador da Clínica Tobias desde 1977, Dr. Aranha especializou-se em Medicina Antroposófica e estagiou na Lukas Klinik e Ita Wegmann Klinik na Suíça. É também um dos fundadores da Associação Brasileira de Médicos Antroposóficos, Diretor-Docente do Instituto de Terapia Familiar de São Paulo, Docente no curso de Formação em Pedagogia Waldorf de Cuiabá, alem de colunista da Revista Pais & Filhos. Dr. Aranha atua nas áreas de Clínica Geral, Pediatria e Terapia de Casal e de Família.
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